Estudos sobre meio ambiente e gênero: um balanço bibliográfico do Ecofeminismo

Abstract

O presente artigo apresenta um balanço bibliográfico da teoria e prática do Ecofeminismo, demonstrando as intersecções entre meio ambiente e gênero e seus respectivos desencadeamentos, sobretudo, para as mulheres. O surgimento do Ecofeminismo adveio da junção do movimento feminista e ecológico, a partir da identificação do patriarcado como uma força subjacente que sustenta tanto a dominação das mulheres quanto a degradação ambiental, criando uma relação hierárquica na qual os homens exercem poder, seja sobre outras pessoas, países, ou em relação ao meio ambiente, por meios de controle a nível pessoal e estatal. Além de embasar-se na própria Teoria Ecofeminista, a pesquisa empregou a Teoria Feminista de Relações Internacionais, levando a uma análise interpretativa de orientação construtivista. Observa-se que, do surgimento do Ecofeminismo em 1970 para os dias atuais, a crise ambiental e climática agravou-se, ao mesmo tempo em que a desproporcionalidade das relações de gênero mantiveram-se presentes. De situações cotidianas de aparente normalidade à extremos pós-desastres, as mulheres sofrem desproporcionalmente os efeitos das mudanças climáticas. Portanto, em um contexto em que a temática ambiental e sustentável é fonte fundamental de debate e em franco desenvolvimento no quadro das relações e agendas internacionais, a incorporação da perspectiva de gênero é fundamental para o desenho de soluções que considerem as especificidades dos papéis sociais desempenhados pelas mulheres e a incorporação de conhecimentos específicos