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https://repositorio.uniceub.br/jspui/handle/prefix/17737
metadata.dc.type: | Livro |
Title: | BPE CEUB: boletim de política externa do Centro Universitário de Brasília: Taguatinga |
Authors: | Medeiros, Fernanda Luíza Silva de (org.) |
Abstract: | Política Externa (PE) não é mais assunto específico dos diplomatas e líderes de estado. Nas últimas três décadas, a globalização teve como um de seus principais efeitos a transformação da política externa em assunto de todos. É normal que agora se escute nas ruas comentários sobre o último bombardeio visto ao vivo na televisão, a cúpula que aconteceu em algum lugar, a crise humanitária mais recente. Christopher Hill (2015) mostra com muita clareza como se deu esse processo, em seu livro Foreign policy in the 21st century, e as dificuldades geradas por ele. Como traduzir as especificidades de um assunto tão complexo para a coloquialidade diária? Como explicar às pessoas que não têm tempo para estudar as minúcias de cada situação da política internacional aquilo que lhes despertou interesse? As discussões sobre a política externa enquanto política pública também ilustram essa necessidade de explicar a PE para a população em geral (cf Milani; Pinheiro, 2013). A mesma globalização fez com que, conforme a interdependência econômica se aprofundasse, fosse necessário estar atento às variações do preço do petróleo ou às regulamentações tecnológicas mais recentes. Os acadêmicos sabem por que a escassez de ovos em um país faz com que o preço suba em outro, mas como explico isso às pessoas que se depararam com etiquetas de preço mais caro no mercado? É com a presença destas questões que surgiu a ideia de criar, no âmbito da disciplina de Análise de Política Externa, um boletim anual que se destinasse justamente a explicar de forma fácil a política externa naquele período. Depois de sessenta horas-aula com o que há de mais clássico e de mais inovador a respeito do estudo de política externa, passando pelas discussões teóricas pertinentes ao assunto, os alunos da disciplina montaram documentos que colocam, em palavras diretas, o que está acontecendo em termos de política externa nos países mais relevantes para o nosso contexto. Análise de política externa (APE, ou FPA em inglês) é uma parte fundamental das Relações Internacionais que, todavia, se desenvolveu à parte das Teorias das Relações Internacionais (TRI) (Hill, 2015). Isso se dá por um debate muito específico em torno do escopo das Relações Internacionais: se o todo (o sistema internacional) ou suas partes (cada ator participante, Estados e outros). A partir dos anos 1970, muitos atores se dedicaram à união dos dois tipos de estudo, tentando estabelecer quais ganhos a APE e as TRI teriam se trabalhassem juntos. Do lado da APE, há a importância de se entender os modelos de tomada de decisão (cf Allison, 1969 e Snyder, Bruck e Sapin, 1962), que dão um insight inclusive à interação burocrática dentro dos Estados; há também, que se estudar e compreender como a mente humana apreende e digere as questões pertinentes à PE (cf Rosati, 1995 e Jervis, 2011). Fundamental também é se desdobrar às possibilidades de impacto da interação entre o nível doméstico e o nível internacional, removendo a PE de uma lógica hierárquica dentro dos estados (cf Putnam, 2010 e Milner, 1997). Das TRI vêm o desejo de dar estofo teórico à APE com suas teorias mais famosas: realismo e neorrealismo (cf Elman, 1996 e Kitchen, 2010); construtivismo (cf Kubalková, 2001); pós-estruturalismo (cf Hansen, 2006). Por isso, a análise de política externa é um espaço em que as teorias se desencastelam e podem ser discutidas novamente, abrindo espaço para novos desenvolvimentos. No século XXI, contudo, o mundo se voltou também a alguns temas específicos que movimentam a política externa global. Na disciplina, esses assuntos também foram estudados, de maneira a construir quais seriam as prioridades de cada Estado. Segurança, sim, por óbvio; mas também para muito além do conceito básico dos anos de Guerra Fria. Questões de gênero, de desenvolvimento, de conflitos étnico-raciais e religiosos movimentaram a política internacional nos últimos anos e também se tornaram temas importantes para o analista de política externa. A elaboração do boletim foi o trabalho final da disciplina. Os alunos foram divididos em grupos de três ou quatro alunos, e lhes foi dada a missão de escolher um país para que construíssem o posicionamento de política externa deste em cinco temas: questões de gênero, cybersegurança e tecnologia, tecnologia nuclear, meio ambiente e o Estado da Palestina. No começo de cada aula sempre discutíamos as principais notícias daquela semana, e após dezesseis semanas de aula, defini estes temas com base nos temas mais recorrentes em 2024. Cada grupo deveria escolher um país e justificar sua escolha, mas observo que não fugiram muito dos países que são absolutamente centrais às relações internacionais do Brasil (com o próprio tendo sido escolhido por um dos grupos). Foram escolhidos, nos dois semestres de 2024: Alemanha, Austrália, Brasil, China, Estados Unidos, França e Japão. Apenas China e Japão não estão presentes nesta edição por opção dos alunos. Cada grupo escolheu construir o posicionamento do país à sua maneira, considerando apenas o contexto atual ou a construção desse posicionamento através dos anos, explorando assim também conceitos como a quebra de continuidade de política externa (Herrman, 1990) e a política externa comparada (Oliveira e Silva; Labriola, 2019). Como o objetivo não era montar um documento de posição estritamente preso à linguagem diplomática, os alunos tomaram a liberdade de serem críticos, quando necessário, ao posicionamento construído pelo país escolhido. Assim, é possível ver as divergências internas e quebras de continuidade em relação à política climática dos Estados Unidos, as idas e vindas do Brasil no tocante às questões de gênero, as reflexões de França e Austrália sobre cybersegurança e a controvérsia alemã a respeito da tecnologia nuclear. Dessa maneira, o boletim é um recorte do status da política externa destes países em 2024, um ano em que muitas sementes foram lançadas para transformações duradouras na política internacional. Espera-se que este boletim funcione como um guia informativo para todos que queiram aprender mais sobre os principais atores da sociedade internacional e compreender melhor seus posicionamentos sobre temas que afetam diariamente a vida dos especialistas em Relações Internacionais e daqueles que não o são. Em tempos da política externa na boca do povo, é responsabilidade dos alunos de Relações Internacionais fornecerem conceitos e informações trabalhadas para que as discussões sejam bem-informadas e permitam que a população seja parte ativa da construção da política externa pelo mundo. |
Keywords: | Política externa |
Citation: | MEDEIROS, Fernanda Luíza Silva de (org.). BPE CEUB: boletim de política externa do Centro Universitário de Brasília: Taguatinga. Brasília: CEUB, 2025. |
URI: | https://repositorio.uniceub.br/jspui/handle/prefix/17737 |
Issue Date: | 2025 |
Appears in Collections: | BIB - EBooks |
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