ISSN: 2965-7121
Editorial
A Revista de acadêmicos e egressos da Medicina - RAMED é um periódico científico na área médica com objetivo de difundir e fomentar a iniciação científica pautada na melhor evidência, seguindo critérios internacionais de pesquisa realizado por alunos e egressos do curso de medicina orientado por seus professores. Neste espaço divulgamos os trabalhos acadêmicos de interesse da RAMED nos eixos temáticos de acordo com projeto pedagógico do curso de medicina do CEUB. O leitor tem a possibilidade de consultar no Repositório Institucional do CEUB o material completo do trabalho desenvolvido.
Periodicidade
SemestralEditores Acadêmicos
Dr. PhD Neulânio Francisco de OliveiraDr. PhD João de Sousa Pinheiro Barbosa
Equipe técnica de avaliação científica
Allan Euripedes Rezende NapoliAdemar Schultz Júnior
Alexandre Sampaio Rodrigues Pereira
Atena Oliveira Zatarin
Carmen Déa Ribeiro de Paula
Clara Greidinger Campos Fernandes
Fabiana Pilotto Muniz Costa Leal
Fabiana Xavier Cartaxo Salgado
Gerson Fernando Mendes Pereira
Hellen Crystine Vieira Branquinho
João de Sousa Pinheiro Barbosa
Larissa dos Santos Sad Pereira
Miriam Martins Leal
Phaedra Castro Oliveira
Ranieri Rodrigues de Oliveira
Renata Facco de Bortoli
Sabrina Feitosa Faria
Sandra Lúcia Branco Mendes Coutinho
Equipe técnico-científica
Rebekka Hae Rim KimBruna Rabello Iglesias
Christiane Nazareth Silva
Nicole Tie Furrier Serikava
Pedro Miranda Vieira Bezerra
Isabella Eduarda de Godoy Oliveira
Eduarda Paula Markus Xavier
Endereço e contatos
Centro Universitário de Brasília
SEPN 707/907 Campus do CEUB
Cep 70790-075 Brasília-DF
Fone: 61 3966-1359
E-mail: biblioteca@uniceub.br
Autoestima e estigma social em pacientes com vitiligo: um olhar biopsicossocial sobre a pele
Autores: Júlia Matos Guimarães, Giovanna Bambirra Pires de Oliveira, Akemi Kai Heldwein e Natalia Matos Guimarães
Resumo
O vitiligo é uma doença dermatológica autoimune crônica caracterizada pela perda progressiva dos melanócitos, resultando em áreas despigmentadas da pele. Embora não represente risco físico direto, o vitiligo impacta intensamente a dimensão emocional e social dos pacientes, devido à visibilidade das lesões e ao estigma associado. Este artigo tem como objetivo analisar os impactos psicossociais e o estigma social relacionados ao vitiligo sob a perspectiva biopsicossocial, discutindo os efeitos sobre a autoestima, a autoimagem e a qualidade de vida. Trata-se de uma revisão narrativa baseada em estudos recentes das bases PubMed e SciELO. Os achados evidenciam que o vitiligo afeta profundamente a identidade e a percepção social do indivíduo, exigindo uma abordagem interdisciplinar que una o tratamento clínico ao suporte psicológico e à educação em saúde. Conclui-se que compreender o vitiligo para além da esfera cutânea é fundamental para um cuidado dermatológico integral, empático e centrado no paciente.
Palavras-chave: Vitiligo.
Cardiomiopatia por esteróides anabolizantes: um risco silencioso para insuficiência cardíaca
Autores: Marcelo Kenzo Matsuura Murakami Radaelli, Guilherme Veloso Arruda, Roberta Pantoja e Dra.Antoinette Blackman
Resumo
O uso de esteróides anabolizantes-androgênicos representa um risco cardiovascular silencioso com alterações miocárdicas que podem levar à cardiomiopatia e insuficiência cardíaca. Para consolidar as evidências sobre os mecanismos fisiopatológicos da cardiotoxicidade, foi realizada uma revisão da literatura nas bases de dados Pubmed/MEDLINE, Scopus e Cochrane (2020-2025), da qual 14 artigos foram selecionados para análise. Os resultados apontaram para um padrão de dano miocárdico multifatorial, mesmo em indivíduos assintomáticos, que apresentaram vidências de hipertrofia ventricular esquerda concêntrica, disfunção diastólica e fibrose miocárdica identificadas por meio de ecocardiograma com strain e ressonância magnética. Também foram encontrados marcadores laboratoriais que indicam um estado pró-inflamatório e pró-trombótico. Ficou claro que, apesar de a disfunção ventricular ser, em parte, reversível com a abstinência, o remodelamento estrutural e a fibrose costumam permanecer como sequelas permanentes. Isso nos leva a concluir que a cardiomiopatia induzida pelo uso crônico de esteróides anabolizantes-androgênicos é progressiva e silenciosa, tornando essencial o diagnóstico por imagem em estágios iniciais para que se possa intervir antes que as alterações se tornem irreversíveis. A continuidade dessas mudanças estruturais enfatiza a gravidade do perigo, convertendo benefícios estéticos de curto prazo em constante ameaça à integridade cardiovascular.
Palavras-chave: Anabolizantes-androgênicos; Esteroides anabolizantes; Cardiomiopatia.
Células CAR-T no tratamento de tumores sólidos: revisão crítica da literatura atual
Autores: Gustavo Trupl Menezes, Marina Mesquita Simões, Letícia da Silva Felipe, Rodrigo Damasceno Dantas, Marcus Fábio Simões e João de Sousa Pinheiro Barbosa
Resumo
A terapia com Células T portadoras de Receptor de Antígeno Quimérico (CAR-T) transformou o tratamento das neoplasias hematológicas, alcançando eficácia notável e remissões duradouras em leucemia pediátrica. Contudo, sua aplicação em tumores sólidos enfrenta grandes desafios, resultando em sucesso clínico limitado em estudos iniciais. Tais restrições são amplamente atribuídas ao microambiente tumoral imunossupressor (TME) e à fraca infiltração de linfócitos T, o que impulsiona o desenvolvimento de células CAR-T de nova geração com engenharia genética para reforçar a imunidade antitumoral. Esta revisão integrativa buscou analisar criticamente avanços recentes em terapias celulares contra tumores sólidos, com foco em inovações CAR-T, otimização de entrega e modificações genéticas. As buscas foram feitas nas bases PubMed e BVS com os termos “Pacientes com tumores sólidos metastáticos” e “Terapias celulares adotivas com CAR-T”. Dos 331 estudos, 15 preencheram os critérios de inclusão, abrangendo ensaios clínicos e pré-clínicos. Os alvos avaliados incluíram mesotelina, GD2, CD70, B7-H3, PRAME e MAGEA1. Ensaios iniciais mostraram segurança favorável, com baixas taxas de síndrome de liberação de citocinas e neurotoxicidade, porém eficácia modesta. O TCR-T anti-PRAME obteve 28,9% de resposta, e CAR-T locorregional anti-B7-H3 em glioma pontino intrínseco difuso alcançou sobrevida mediana de 19,8 meses. Apesar da segurança e viabilidade promissoras, eficácia sustentada exigirá maior persistência das células T, modulação do TME e otimização da afinidade do receptor para o avanço da imunoterapia.
Palavras-chave: Terapia CAR-T; Tumores sólidos; Microambiente tumoral; Imunoterapia.
Cirurgia robótica Single-Port vs. Multi-Port: uma análise crítica de desfechos oncológicos urológicos
Autores: Frederick Takayuki Masukawa, Camilla Sampaio Nogueira, Larissa Maria Carneiro de Melo, Patrícia Pereira Aguiar, Raphael Dimas Oliveira Mathias Ferreira e Bruno Vilalva Mestrinho
Resumo
A cirurgia robótica revolucionou a oncologia urológica, melhorando os resultados perioperatórios e o bem-estar do paciente. A plataforma de múltiplas portas (MP), considerado padrão ouro para procedimentos como prostatectomia e nefrectomia, divide o cenário com o aparecimento da plataforma de porta única (SP). Neste resumo expandido, foram analisadas revisões sistemáticas, meta-análise, análises comparativas, estudos de caso a fim de comparar complicações perioperatórias e/ou desfechos cirúrgicos em pacientes de oncologias urológicas. Observaram-se que os resultados analisados foram muito semelhantes, aumentando a expectativa de utilização da plataforma de porta única (SP) e proporcionando mais aprendizado e melhoria técnica do equipamento.
Palavras-chave: Cirurgia robótica; Single-port; Multi-port; Oncologia urológica.
Comparação entre o prognóstico das principais inovações de técnicas cirúrgicas para transplantes pediátricos
Autores: Larissa Maciel Lima, Carolina Nunes Torres, Júlia Feitosa Araújo de Carvalho, Isadora Tonhá Moreira Isidro, Luíza Figuerêdo de Oliveira Freitas e Dr. Manoel Eugênio dos Santos Modelli
Resumo
O transplante pediátrico de órgãos sólidos, especialmente fígado e rim, passou por avanços técnicos relevantes que permitiram melhorar os desfechos clínicos. Entre as principais inovações, destacam-se os enxertos de doadores vivos (LD) e os de doadores falecidos divididos (sDD), que, quando aplicados com critérios rigorosos, alcançam taxas semelhantes de sobrevida a longo prazo. Estudos demonstram que, no transplante hepático, sDD apresentam maior tempo de isquemia fria, maiores níveis de ALT no pós-operatório e internações mais prolongadas. Ainda assim, morbidade grave, complicações vasculares, biliares e mortalidade precoce não diferem significativamente entre os grupos, e a sobrevida em dez anos se mantém equivalente. Já no transplante renal, doadores vivos oferecem vantagens como maior probabilidade de transplante preemptivo, menor incompatibilidade HLA e melhor sobrevida do enxerto, embora a aceitação de candidatos a doadores seja limitada por contraindicações médicas, anatômicas, imunológicas e psicológicas. Questões éticas ganham destaque, sobretudo em doação viva pediátrica, que requer salvaguardas específicas. Do ponto de vista técnico, avanços como enxertos hiper-reduzidos, reconstruções arteriais e venosas e políticas de alocação com priorização pediátrica contribuíram para reduzir complicações e mortalidade em lista de espera. Além disso, receptores de rins e fígados de mães vivas apresentaram menor rejeição, possivelmente pelo microquimerismo materno. Persistem, no entanto, desafios como maior taxa de retransplantes em sDD e complicações tardias, incluindo doenças linfoproliferativas. Conclui-se que as inovações técnicas consolidaram os transplantes pediátricos como alternativa eficaz e segura, desde que sustentadas por seleção rigorosa, logística eficiente, protocolos imunológicos adequados e princípios éticos bem definidos.
Palavras-chave: Transplante pediátrico.
Dermatomiosite amiopática: relato de caso e revisão de literatura
Autores: Júlia Maria de Melo Faria, Rafael Benício Bonatelli Moni, Priscila Souza Sarmento Alves,Cecília Américo de Almeida Martins , Renato Peyneau Curcio e Ana Paula Gomides
Resumo
A dermatomiosite é uma doença autoimune rara, marcada por manifestações cutâneas e risco de acometimento muscular e pulmonar. Sua forma amiopática (DMA) apresenta apenas alterações cutâneas, dificultando o reconhecimento clínico. O diagnóstico costuma atrasar cerca de 15 meses, o que reforça a importância de conhecer suas manifestações, métodos diagnósticos e opções terapêuticas.
Palavras-chave: Dermatomiosite; Dermatopatias.
Doença por deposição de Pirofosfato de Cálcio mimetizando artrite reumatoide
Autores: Maria Carolina Fonseca Loureiro Caldeira de Freitas, Luís Felipe Nogueira Roberti, Renato Peyneau Curcio, Maria Eduarda Teixeira dos Santos, Rafael Benício Bonatelli Moni e Ana Paula Monteiro Gomides Reis
Resumo
As doenças de deposição de pirofosfato de cálcio são causa comum de artralgia crônica em indivíduos maiores de 60 anos e sofrem de subdiagnóstico devido ao amplo espectro de sinais e sintomas que podem assumir. Desde quadros completamente assintomáticos até crises de artralgia com resolução espontânea, tais doenças podem ser diagnóstico diferencial de muitas patologias reumatológicas, sendo de grande importância a elucidação diagnóstica para o tratamento. Em indivíduos do sexo feminino, menores de 60 anos, com artralgia bilateral, poliarticular e simétrica, as doenças de deposição podem mimetizar artrite reumatóide ou ser comórbidas a esta.
Palavras-chave: Artralgia; Artrite reumatóide; Deposição de Pirofosfato de Cálcio.
Eficácia do protocolo ERAS em pacientes pediátricos submetidos à cirurgia gastrointestinal
Autores: Beatriz Fernandes de Pinho, Carolina Ponchio Ferreira, Julia Borges Duarte, Eduarda Helena Castellanos Rocha e Manoel Eugenio dos Santos Modelli
Resumo
O protocolo Enhanced Recovery After Surgery (ERAS) é uma abordagem integrada que visa acelerar e melhorar a recuperação perioperatória por meio de analgesia multimodal, mobilização precoce, redução do estresse cirúrgico, uso mínimo de sondas e nutrição enteral antecipada. Embora amplamente validado em adultos, sua adaptação para cirurgias gastrointestinais pediátricas requer ajustes que considerem as particularidades fisiológicas e psicossociais dessa faixa etária, além do envolvimento ativo da família. Realizou-se uma revisão de literatura na base PubMed, empregando os termos “Enhanced Recovery After Surgery”, “Gastrointestinal Surgery” e “Pediatrics”, resultando na seleção de quatro estudos publicados entre 2020 e 2025. As evidências apontam que a aplicação do ERAS nesse contexto reduz o tempo de internação, acelera a retomada das atividades diárias, diminui complicações pós-operatórias — especialmente infecções e eventos respiratórios — e reduz o uso de opioides, sem elevar taxas de readmissão ou mortalidade. O envolvimento da família e a padronização de protocolos educativos mostraram-se essenciais para maximizar adesão e segurança. Apesar da heterogeneidade metodológica e do número limitado de ensaios, os resultados sustentam a adoção do ERAS como prática promissora para otimizar desfechos clínicos e eficiência de recursos em cirurgias gastrointestinais pediátricas, destacando a necessidade de estudos multicêntricos para consolidar as recomendações.
Palavras-chave: Protocolo ERAS; Cirurgia pediátrica gastrointestinal.
Infarto agudo do miocárdio: fatores de risco emergentes
Autores: Guilherme Veloso Arruda, Marcelo Kenzo Matsuura Murakami Radaelli, Roberta Pantoja e Dra.Antoinette Blackman
Resumo
O Infarto Agudo do Miocárdio transcende os fatores de risco clássicos, com um panorama epidemiológico crescente de fatores emergentes como o uso de cigarros eletrônicos, cannabis, esteróides anabolizantes, obesidade e síndrome metabólica. Esta revisão de literatura objetiva sintetizar as evidências sobre os mecanismos fisiopatológicos e a magnitude do risco associado a esses fatores. Para isso, foi realizada uma revisão nas bases de dados Pubmed/MEDLINE, Scopus e Cochrane (2020-2025), da qual 12 estudos foram selecionados. Os dados indicam que a exposição a esses fatores eleva o risco de infarto agudo do miocárdio em 23% a 68% em comparação aos não expostos, com a síndrome metabólica e o uso de cigarros eletrônicos tendo os maiores efeitos. Os mecanismos de dano encontrados foram variados – abarcando perfis pró-ateroscleróticos, rigidez arterial, disfunção endotelial e dislipidemia – porém todos elevaram o risco aterotrombótico. Os fatores de risco emergentes, portanto, elevam de forma considerável a vulnerabilidade cardiovascular por meio de diversas vias. A inclusão da avaliação de novos hábitos na anamnese clínica é essencial para otimizar estratégias de prevenção do infarto agudo do miocárdio na população atual.
Palavras-chave: Infarto agudo do miocárdio; Cigarro eletrônico; Cannabis; Esteróides anabolizantes.
Manejo de hemorragia pós-parto em cenários de emergência obstétrica: comparação de protocolos
Autores: Beatriz Barifaldi Hirs Quintiere, Marina Pequeno Camargo Da Silva, Maria Eduarda Leite Palota, Gustavo Baron, Amanda Neves Nardes Mendes e Luciani Fiori Leão
Resumo
A hemorragia pós-parto (HPP) é uma das principais emergências obstétricas e uma das maiores causas de morbimortalidade materna, sobretudo em países de média e baixa renda. Apesar de medidas profiláticas, como o uso de uterotônicos, sua instalação abrupta e rápida para choque hemorrágico mantêm o desafio clínico. O manejo sistematizado com protocolos é essencial para diagnóstico precoce, intervenção imediata e redução de complicações. Este estudo consiste em revisão integrativa de literatura realizada nas bases PubMed/MEDLINE e BVS, utilizando os descritores “postpartum”, “hemorrhage” e “management”. Foram incluídos artigos dos últimos cinco anos diretamente relacionados ao tema. Os resultados demonstram que o fibrinogênio mostrou-se como marcador precoce de gravidade, embora nem todos os casos graves apresentam alteração. A reposição empírica de concentrado de fibrinogênio não reduziu perdas sanguíneas, mas sua administração dirigida a pacientes com hipofibrinogenemia demonstrou potencial benefício. Protocolos multiprofissionais e auditorias clínicas mostraram impacto positivo na adesão às condutas e na redução de casos graves. Transfusões precoces de pequenas unidades de hemácias em casos moderados foram associadas a aumento de morbidade, enquanto o papel do crioprecipitado permanece incerto. Especialistas recomendam unificação da definição de HPP e resposta imediata diante de perdas a partir de 500 mL ou instabilidade clínica. Conclui-se que o manejo da HPP deve combinar detecção precoce, intervenção imediata e terapias hemostáticas individualizadas, além de protocolos multiprofissionais e auditorias. Novos estudos multicêntricos são necessários para consolidar recomendações adaptadas a diferentes realidades.
Palavras-chave: Hemorragia pós-parto; Emergência obstétrica.
Mortalidade por doença de Chagas no Brasil: uma análise temporal de 1996 a 2023
Autores: Eduardo Bello Bertin, Estela Gonçalves de Azevedo e João de Sousa Pinheiro Barbosa
Resumo
A Doença de Chagas é uma Doença Tropical Negligenciada que representa um grave problema de saúde pública no Brasil, devido a sua elevada morbidade, mortalidade precoce e impacto socioeconômico. Este estudo teve como objetivo analisar a mortalidade e os perfis epidemiológicos mais afetados pela doença no país entre 1996 e 2023. Trata-se de um estudo observacional ecológico baseado em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/DATASUS), sob o CID-10 B57. Os resultados evidenciam redução progressiva da mortalidade, atribuída principalmente às campanhas de controle vetorial, melhorias nas condições abitacionais e aos avanços da medicina. Observou-se predomínio de óbitos entre homens (56,0%), idosos de 70 a 79 anos (33.220) e em ambiente hospitalar (68,5%). A baixa escolaridade esteve associada a maior mortalidade, sem padrões consistentes em relação à raça/cor. Assim, evidencia-se a vulnerabilidade social da população mais afetada, marcada por desigualdades estruturais que limitam o acesso à saúde, ao diagnóstico precoce e tratamento adequado. O fortalecimento da vigilância, diagnóstico oportuno e cuidado integral, aliado ao enfrentamento das desigualdades sociais, mostra-se essencial para reduzir a mortalidade e avançar no controle sustentável da doença. Conclui-se que, apesar dos avanços no controle da transmissão, a Doença de Chagas continua sendo um desafio significativo para o sistema de saúde, exigindo estratégias permanentes de vigilância epidemiológica e promoção da equidade para reduzir a mortalidade.
Palavras-chave: Doença de Chagas; Epidemiologia.
Normatização das equipes de consultório na rua do Distrito Federal
Autores: Marcella Pereira Mendonça, Renata Pires Veiga, Ana Beatriz Maciel Monteiro e Dra. Samanta Hosokawa Dias de Novoa Rocha
Resumo
A população em situação de rua (PSR) é uma das expressões mais graves da exclusão social no Brasil, marcada não só pela ausência de moradia, mas também pela negação de direitos fundamentais, expondo indivíduos a riscos físicos e emocionais crescentes (MONTENEGRO et al., 2025; BRASIL, 2012). O número de pessoas nessa condição ultrapassou 281 mil em 2022, crescimento de 211% em uma década. No DF, o 2º Censo Distrital registrou 3.521 pessoas em 2025, aumento de 19,8% em relação a 2022 (NATALINO, 2022; IPEDF, 2022; IPEDF, 2025). Apesar da Política Nacional para a PSR (2009) e das equipes de Consultório na Rua (2011), com sete equipes no DF em 2024, essas ações não foram suficientes para conter o avanço.
Palavras-chave: Consultório na rua; Atenção primária à Saúde; População em situação de rua.
Ocitocina isolada versus combinada com ergometrina na prevenção da hemorragia pós-parto
Autores: Luisa Mendes Batista Pereira, Marina Pequeno Camargo Da Silva, Carolina Pires Teixeira Viula, Michelle Martins de Arruda Neves, Maria Cecília Martins de Moraes e Lilian Silva de França
Resumo
A hemorragia pós-parto (HPP) é uma das principais causas de morbimortalidade materna, ressaltando a importância de estratégias eficazes de prevenção. Para isso, o uso de agentes uterotônicos é essencial, a ocitocina é amplamente utilizada, e pode ter seus efeitos potencializados quando combinada com a ergometrina. Este estudo teve como objetivo comparar a eficácia do uso isolado da ocitocina com a terapia combinada de ocitocina e ergometrina na prevenção da HPP. Foi realizada uma revisão integrativa da literatura nas bases PubMed e National Library of Medicine, selecionando três estudos recentes (2020–2024). Os resultados indicaram que a ocitocina isolada é eficaz na profilaxia da HPP, porém a combinação com ergometrina demonstrou maior eficácia, especialmente em casos moderados a graves (>500 mL), embora com maior incidência de efeitos adversos, como náuseas e hipertensão. A discussão reforça a necessidade de individualização terapêutica e cautela no uso combinado em pacientes com risco cardiovascular, sendo uma opção promissora em contextos de recursos limitados. Conclui-se que a combinação de ocitocina e ergometrina pode representar uma alternativa eficaz na redução do sangramento pós-parto, desde que avaliada conforme o perfil materno e que mais estudos padronizados sejam realizados para consolidar sua segurança e aplicabilidade clínica.
Palavras-chave: Hemorragia pós-parto; Ocitocina combinada; Ocitocina isolada; Ergometrina.
O uso da inteligência artificial como ferramenta terapêutica em saúde mental: avanços, desafios e perspectivas
Autores: Júlia de Araújo Carvalho, Bruno Matheus Dantas de Almeida, Lívia Oliveira Santos, Niday Alline Nunes Fernandes Ribeiro, Ana Beatriz Franco Soares e Ms. Vanessa Alvarenga Pegoraro
Resumo
Os transtornos mentais representam um dos principais desafios de saúde pública do século XXI, agravados pela pandemia de COVID-19 e pela carência de profissionais especializados. Nesse cenário, a inteligência artificial (IA) surge como ferramenta promissora para ampliar o acesso à saúde mental, personalizar intervenções e otimizar o trabalho clínico. Esta revisão narrativa analisou evidências recentes sobre o uso terapêutico da IA na saúde mental, destacando benefícios, riscos e implicações éticas. As buscas foram realizadas nas bases PubMed/MEDLINE e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), abrangendo publicações de 2020 a 2025. Foram incluídos sete estudos — revisões, ensaios clínicos e uma meta-análise — que abordaram a eficácia, segurança e aplicabilidade da IA em contextos terapêuticos. Os resultados indicam melhora significativa em sintomas depressivos e ansiosos, maior adesão ao tratamento e boa aceitação entre usuários. Chatbots baseados em terapia cognitivo-comportamental e plataformas digitais demonstraram impacto positivo na saúde emocional, sobretudo quando supervisionados por profissionais. No entanto, persistem desafios quanto à privacidade, vieses algorítmicos e responsabilidade ética. Conclui-se que a IA possui potencial para transformar a prática terapêutica em saúde mental, desde que seu uso seja orientado por princípios éticos e supervisão humana, garantindo um cuidado digital seguro e empático.
Palavras-chave: Inteligência artificial; Terapia digital; Saúde mental; Psicoterapia; Ética em saúde; Chatbots.
Pielolitotomia robótica como alternativa à nefrolitotomia percutânea em casos complexos: revisão de indicações e resultados
Autores: Diogo de Jesus Soares Freire, Victor Hugo Mosquera Filho, Júlia Pereira de Lira Marques,Eduarda Fernandes de Castro e Nascimento, Sofia Massa Valle e Dr. Carlos Watanabe
Resumo
A nefrolitotomia percutânea (PCNL, do inglês Percutaneous Nephrolithotomy) é atualmente o tratamento-padrão recomendado pela American Urological Association (AUA) e pela European Association of Urology (EAU) para cálculos renais maiores que 2 cm. Entretanto, o procedimento apresenta morbidade considerável, incluindo sangramento, sepse, lesão parenquimatosa e formação de fístulas arteriovenosas, com taxas globais de complicações variando de 18,5% a 27,7% — sendo transfusão em 5–24,2%, infecção urinária em 8,7–16,8% e necessidade de analgesia prolongada em 17,3% — além de taxas de retratamento que podem alcançar 30–40% (1,2,3,4,5,6). Nesse contexto, a pielolitotomia robótica (RPL, do inglês Robotic Pyelolithotomy) emergiu como uma alternativa minimamente invasiva, que preserva o parênquima renal e reduz potencialmente o trauma tecidual (1,2,3,4,5,7,8,9). Esta revisão tem como objetivo delinear as indicações precisas para o uso da RPL e comparar sua segurança e eficácia em relação à PCNL no manejo de condições clínicas específicas, especialmente em pacientes de alto risco ou com anatomia renal complexa (1,3,4,10).
Palavras-chave: Pielolitotomia robótica; Nefrolitotomia percutânea; Cálculos renais complexos.
Psiquiatria de precisão: biomarcadores em transtornos do humor
Autores: Marcelo Henrique Ribeiro Amoroso, Christiane Nazareth Silva, Ruth dos Santos Araújo Ferreira, João Vitor Passos de Oliveira e Daniel Amaro Sousa
Resumo
A psiquiatria de precisão busca individualizar o diagnóstico dos transtornos mentais, permitindo intervenções mais eficazes e direcionadas (KOCH et al., 2024). Os transtornos de humor (TH), como o transtorno depressivo maior e o transtorno afetivo bipolar, envolvem alterações patológicas de humor, energia e comportamento. Diante do diagnóstico clínico ainda inespecífico, este estudo analisa biomarcadores com potencial para aprimorar a identificação e o manejo dos TH (American Psychiatric Association, 2014).
Palavras-chave: Biomarcadores; Transtorno depressivo maior; Transtorno Bipolar.
Realidade aumentada na nefrectomia parcial robótica: uma revisão sobre avanços em precisão e função renal
Autores: Letícia da Silva Felipe, Giovana Fernandes Moura, Marina Mesquita Simões, Rodrigo Damasceno Dantas, Victor Salazar e João de Sousa Pinheiro Barbosa
Resumo
A Realidade Aumentada (RA), baseada em modelos virtuais tridimensionais (3DVMs) reconstruídos a partir de imagens de tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM), tornou-se uma ferramenta essencial para aprimorar a precisão na Nefrectomia Parcial Assistida por Robô (RAPN). Ao minimizar a necessidade de reconstrução mental de anatomias complexas, a RA aprimora a compreensão anatômica e a navegação intraoperatória. Esta revisão teve como objetivo avaliar o impacto da RA na RAPN, com foco em melhorias na compreensão anatômica, orientação cirúrgica e precisão. Foi realizada uma revisão integrativa da literatura abrangendo os últimos cinco anos, utilizando as bases de dados PubMed e BVS, com os descritores “Tumor renal”, “Cirurgia robótica”, “Nefrectomia parcial” e “Imagem tridimensional”. Treze estudos, incluindo pesquisas clínicas, pré-clínicas e de validação, foram analisados. Os resultados demonstraram que a integração de 3DVMs, impressão personalizada e navegação baseada em RA na cirurgia renal robótica proporciona benefícios significativos em relação às abordagens convencionais. Modelos virtuais baseados em perfusão, utilizando algoritmos de Voronoi, aprimoraram o mapeamento vascular e possibilitaram o clampeamento seletivo, reduzindo a perda média da função renal de 11,3% com clampeamento global para 7,7% com técnicas seletivas. De modo geral, a RA aumenta a precisão intraoperatória, reduz o dano ao parênquima e contribui para melhores desfechos pós-operatórios. Apesar dos resultados promissores, as evidências atuais derivam, em sua maioria, de estudos observacionais unicêntricos, destacando a necessidade de ensaios clínicos randomizados multicêntricos para validar sua reprodutibilidade, custo-efetividade e potencial de integração à prática cirúrgica robótica de rotina.
Palavras-chave: Realidade aumentada; Nefrectomia parcial robótica; Navegação cirúrgica.
Relação da cobertura de colpocitologia oncótica com o seguimento de pacientes com câncer cervical
Autores: Souza, B. F. S., Antunes, L., Silva, L. E. L., Simões, M. M., Dantas, R. D. e Trindade, M.
Resumo
O câncer cervical (CC) continua sendo a quarta neoplasia maligna mais comum entre mulheres no mundo. No Brasil, o rastreamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é realizado pela citologia oncótica (CO), que detecta lesões pré-cancerígenas e permite o diagnóstico precoce. As diretrizes recomendam iniciar o rastreamento aos 25 anos, com dois resultados negativos por ano, e depois a cada três anos até os 64 anos. Apesar desse programa estruturado, as desigualdades regionais contribuem para diagnósticos tardios e desfechos desfavoráveis. Este estudo objetiva correlacionar a cobertura do rastreamento do CO com o acompanhamento de mulheres com CC no Distrito Federal (DF). Trata-se de uma análise epidemiológica transversal usando dados secundários do DATASUS, incluindo mulheres de 25 a 64 anos que realizaram CO entre 2020 e 2025. Um total de 234.005 testes foram analisados; 88,5% foram satisfatórios, dos quais 94% foram negativos para malignidade. Entre os resultados anormais, 6% apresentaram alterações citológicas: 6,0% ASC-US; 0,9% LSIL; 1,6% ASC-H; 1,0% HSIL; 0,6% AGUS; e 0,002% adenocarcinoma in situ, com 0,04% neoplasias invasivas. Apesar desses resultados, apenas 3,7% das mulheres com achados anormais continuaram o acompanhamento diagnóstico ou terapêutico. O rastreamento concentrou-se entre mulheres asiáticas (56,3%) e brancas (23,9%), com sub-representação de indígenas, pretas e pardas. Pontua-se que a baixa taxa de acompanhamento compromete a eficácia e pode resultar em aumento da mortalidade. Esses achados destacam desigualdades no acesso e na adesão, destacando a necessidade de políticas que garantam a integralidade e estendam a cobertura do rastreamento a populações vulneráveis.
Palavras-chave: Teste de Papanicolaou; Câncer cervical.
Uso de agonistas do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1 em pacientes com transtorno por uso de álcool
Autores: Luiza Letti Ferronatto, Pedro Enzo Camargo Luz, Lyara Freitas de Queiroz e Juliana Costa Lobato
Resumo
O transtorno por uso de álcool (TUA) é um grave problema de saúde pública, com alta morbimortalidade e escassez de tratamentos farmacológicos eficazes. Agonistas do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1 (aGLP-1), usados no tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade, têm despertado interesse por atuarem em regiões cerebrais ligadas ao sistema de recompensa. Realizada revisão sistemática na base de dados PubMed, com os descritores “Glucagon-Like Peptide-1 Receptor Agonists” e “Alcohol-Related Disorders”, incluídos estudos de 2023 a 2025 que abordaram mecanismos de ação e/ou eficácia terapêutica dos aGLP-1 no TUA. Sete publicações foram selecionadas. Os aGLP-1 mostraram reduzir o consumo de álcool, especialmente em indivíduos obesos (IMC > 30 kg/m²). Exenatida (2 mg/semana) diminuiu episódios de consumo excessivo (−23,6 p.p.; p=0,034), consumo total (−1.205 g; p=0,026) e reatividade neural no estriado; os níveis de fosfatidiletanol caíram cerca de 60% após 20 semanas. Semaglutida reduziu em média 1,7 dias de consumo excessivo (vs. +0,4 no placebo) e levou 33,3% dos participantes à abstinência, frente a 14,8% no controle. A modulação do eixo intestino-cérebro e a ativação de receptores no núcleo accumbens podem atenuar a liberação de dopamina e o prazer associado ao álcool. Apesar dos resultados promissores, são necessários ensaios clínicos maiores e de longo prazo para confirmar eficácia, segurança e parâmetros terapêuticos ideais.
Palavras-chave: Glucagon 1; Uso de agonistas.
Uso do Ribociclibe em pacientes com câncer de mama RH+, HER2- comparado à terapia hormonal isolada
Autores: Gabriel Salomão Mendes do Carmo, Diogo Moreira de Albuquerque, Isabelle Sacakura Marques Lima, Gabriel Costa Barreto, Marina Mesquita Simões
Resumo
O câncer de mama com receptores hormonais positivos (RH+) e HER2-negativo é o subtipo mais prevalente, porém ainda apresenta risco considerável de recorrência nos estágios iniciais, mesmo com a terapia endócrina (TE) isolada. Os inibidores de CDK4/6, como o ribociclibe, surgiram para superar a resistência à TE, demonstrando eficácia significativa no cenário metastático e motivando estudos em contextos adjuvantes. Trata-se de uma revisão de literatura, que utilizou de bases de dados como PubMed e Cochrane, analisando mulheres com cânceres com receptores hormonais positivos (RH+) e HER2-negativo nos últimos 5 anos. Foi demonstrado que, em mulheres pós-menopáusicas com doença avançada, o ribociclibe, quando associado ao letrozol (terapia hormonal) reduziu em 44% o risco de progressão ou morte, tendo a neutropenia de grau 3/4 como evento adverso mais comum, mas ainda manejável. Além disso, estudos demonstraram que o ribociclibe apresenta relevante função curativa, evidenciando um aumento da sobrevida livre de doença invasiva em três anos nas pacientes analisadas. Portanto, demonstra-se que o Ribociclibe representa uma opção terapêutica promissora no câncer de mama HR+, HER2-, especialmente em pacientes com alto risco de recorrência, embora os efeitos em longo prazo ainda necessitem de mais estudos estabelecidos.
Palavras-chave: Câncer de mama RH+ HER-; Ribociclibe; Terapia hormonal isolada.